COMO LIDAR COM O MEDO


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Como lidar com o medo

 

O primeiro fator importante ao lidar com o medo é saber que ele possui uma face positiva. Ou seja, o medo, em si, não é um mal. Ele é uma reação natural do corpo e da mente, resultado de milhões de anos de evolução e que tem como finalidade a preservação da espécie. O medo é um dos instintos mais antigo e  presente em todos os seres da natureza. Se não houvesse o instinto do medo, os seres morreriam antes.

Sabe-se, então, que esta é uma função primária localizada no chamado “cérebro reptiliano”, onde se opera as funções mais básicas da sobrevivência de um organismo. Sendo assim, os graus de medos variam desde os limites de um medo natural e saudável, passando pelos graus de desconfortos e chegando ao estágio de algo insuportável, aterrorizante e paralisante.
           
Para iniciar nossa conversa, tente imaginar a mente como um copo vazio que pode ser preenchido por qualquer substância. Esse copo-mente, pode ser preenchido por emoções e pensamentos. E estes podem ser de natureza “positiva” ou “negativa”. As “aspas” foram para dar um sentido de relatividade a estas polaridades, pois como vimos, um medo pode também ser positivo. Como saber então se o medo é positivo e saudável ou negativo e prejudicial? Primeiro passo é buscar identificar se os pensamentos possuem certo grau de realidade ou se são produtos de fantasias. Um modo bastante prático para separar realidade de fantasias é fazer a seguinte pergunta: “o que estou pensando de fato está acontecendo?” ; ou então: “é eficiente ficar pensando desta forma”? Imagine uma mãe que não dorme porque o(a) filho(a) saiu de casa à noite. Seus pensamentos-fantasias não param de criar situações trágicas e negativas das coisas que possivelmente possam acontecer. Porém, seus pensamentos conseguem evitar algo? É eficiente tais preocupações? Claro que quando paramos para pensar “racionalmente” constatamos que estes pensamentos não mudarão em nada os acontecimentos, mas uma pessoa quando é tomada pelo medo, sua mente está totalmente absorvida e dificilmente conseguirá deixar de pensar. Porém, quanto mais estes pensamentos permanecem, mais forças ganham e mais eles se repetirão. Há que fazer um esforço para diminuí-los, até o momento em que as preocupações ou o que estamos chamando de pensamentos-fantasias, sejam eliminados por completo. A estrada pode parecer longa, porém, o primeiro há de ser dado em algum, se desejamos nos libertar do medo aterrorizador.

Percebe-se então que o uso da Atenção para a seletividade dos pensamentos é crucial para o controle do medo. Se cultivarmos pensamentos onde o medo está como pano de fundo, estes se fortalecem até se tornarem um fator autônomo na mente. Por isso que as queixas mais comuns que ouvimos no dia a dia em um consultório é: “gostaria de pensar diferente, mas não consigo” ; “gostaria de ser uma pessoa diferente, mas não consigo”. É porque os pensamentos-fantasias tornaram-se autônomos, ou seja, aparecem e ficam na mente dominando completamente a consciência. Eles ganham autonomia, são mais fortes que a vontade da pessoa. 

Como fazer para controlar os medos originados das fantasias?

A verdade é que pouco se percebe quando e onde o medo inicia-se, pois a falta de atenção ao mundo interior é o predominante. Assim, para reverter o processo duas formas básicas podem ajudar:

1º. ) Ocupar a mente com pensamentos de natureza positiva, ou seja, mentalmente saudáveis. Se não for possível desviar os pensamentos, buscar leituras, filmes, atividades e conversar com pessoas que possam ajudar positivamente.

2º.) Reflita sobre os próprios medos. Algumas perguntas básicas podem ser formuladas, tais como:

a) Foi eficiente os pensaentos-fantasias de medo que tive anteriormente? 
b) Meu medo ajudou a salvar alguma vida?
c) Meu medo vai evitar que algum mal aconteça?
d) Quantas horas foram perdidas inutilmente pensando negativamente e depois nada aconteceu?
e) Meu medo é positivo ou negativo, eficiente ou ineficiente?

A sugestão é que estas perguntas-reflexões sejam feitas no cotidiano e não nos momentos em que o medo está predominando. Pois no momento em que o medo domina, deve-se lembrar das respostas e quanto o medo exagerado é ineficiente e prejudicial a nós mesmos.

Como fazer para enfrentar os medos reais?

Existem centenas ou milhares de medos ou fobias. Medo de água, altura, animais, elevador, automóvel, etc. Independentemente de seu aparecimento ter sido por trauma ou “espontaneamente”, o tratamento é o mesmo. Uma aproximação gradual ao objeto que provoca o medo é uma técnica simples e bem eficiente. Se o medo é de cachorro, por exemplo, inicia-se aproximando-se de cachorros pequenos, de preferência filhotes. Neste caso, comprar um cachorro pequeno e conviver diariamente, certamente a fobia desaparecerá em alguns meses. Quanto mais contato com o elemento que provoque o medo, melhor será. A mesma técnica deve ser utilizada para as demais fobias. Uma ajuda profissional ou de terceiros acompanhando o processo é muito importante, principalmente nos primeiros momentos.


Conclusão

Sabemos que a remoção dos medos não é algo simples e fácil. Porém, estas dicas devem ser um primeiro passo estimulando as pessoas a não aceitarem serem totalmente dominadas pelo medo. Como tudo no universo busca o equilíbrio, devemos aprender com as polaridades do medo e aplicá-lo na dosagem certa, pois o medo possui um lado positivo quando cumpre com seu papel de alertar sobre os perigos reais, favorecendo assim a Vida. Porém, se torna negativo quando assume proporções exageradas, fantasiosas e tornando-se motor das tomadas de decisões na vida. 

Para concluir, recordar que o o medo nos acompanhará até o final, e que nossa tarefa é aprender a caminhar com este companheiro e fazer dele um aliado e não um inimigo. 


Alberto Maury
Psicólogo e Diretor do Instituto Órion