COMPLEXOS


Complexos

 

 

 

         A pesquisa sobre os complexos foi mais uma das contribuições de Jung à psicologia. Em seus anos trabalhando com Bleuler, famoso psiquiatra suíço, utilizou o teste de associação, ao qual serviu para identificar a existência dos complexos e que serviriam posteriormente também aos fundamentos da psicanálise então nascente.

Os complexos podem serem definidos como um grupo de idéias ou imagens carregadas emocionalmente. Jung os descreve como “o agrupamento de elementos psíquicos em torno de conteúdos com tom emocional.” Os complexos possuem um elemento nuclear (trauma, afeto) e várias associações secundariamente relacionadas a eles.

            Sobre a autonomia dos complexos, diz Jung: “os complexos interferem com as intenções da vontade e perturbam o desempenho da consciência; produzem perturbações da memória e bloqueio no fluxo das associações; aparecem e desaparecem conforme suas próprias leis; podem, temporariamente, obcecar a consciência ou influenciar a fala e a ação de modo inconsciente”.

Em uma palavra, os complexos comportam-se como seres independentes. Sobre a origem dos complexos, Jung diz que geralmente eles podem ser criados após um trauma, um choque emocional ou através de um conflito moral que, em última análise, “deriva da aparente impossibilidade de afirmação da natureza total de si mesmo”. A natureza antagônica dos complexos se manifesta como obstáculo e oportunidade simultaneamente. Pois, se os complexos podem até ter o domínio e autonomia em certas circunstâncias, sua assimilação pela consciência, representa o signo de uma conquista no processo de individuação. Diz Jung: “os complexos, obviamente, representam uma espécie de inferioridade no mais amplo sentido… (mas) ter complexos não indica necessariamente inferioridade”. Apenas significa que existe algo que é discordante, não assimilado e antagônico, talvez como um obstáculo, mas também como um incentivo para um esforço maior e assim, talvez, para novas possibilidades de realização. Por fim, outra citação de Jung para reiterar esta ideia: “Ter complexos não significa necessariamente uma neurose… e o fato de serem dolorosos não é prova de perturbação patológica”. Assim, o sofrimento não é uma doença, mas um sintoma e o pólo oposto normal da felicidade, logo, “um complexo torna-se patológico somente quando pensamos que não o temos.”

Principais Complexos:

Materno: idéias carregadas de sentimentos associados com a experiência e a imagem da mãe.

Paterno: idéias carregadas de sentimentos associados com a experiência e a imagem do pai. Diz Jung: “Nos homens, um complexo paterno positivo freqüentemente confere certa credulidade em relação à autoridade e uma clara disposição a inclinar-se diante de todos os dogmas e valores espirituais que, na mulher, induz aos mais vivos anseios e interesses espirituais. Nos sonhos, é sempre da figura paterna que emanam as convicções decisivas, as proibições e os conselhos sábios”.

Superioridade: Onde um conjunto de fantasias toma a consciência e a pessoa se considera muito melhor que as outras.

Inferioridade: O inverso do complexo de superioridade. A pessoa não consegue reconhecer suas conquistas e sempre se considera pior que as demais.

Édipo: complexo estudado por Freud, onde o filho apaixona-se pela mãe. Tem relação direta com o complexo materno.

Eletra: complexo em que a filha se apaixona pelo pai. Relação direta com o complexo paterno.

Foram citados aqui apenas alguns complexos para que o leitor tenha uma noção sobre o assunto, pois muitos outros atuam em nossa mente de modo inconsciente. Importante reconhecer nossos complexos pois eles são subestruturas da psique que impedem que o nosso verdadeiro Eu, que Jung denominou “Si-Mesmo”, consiga expressar-se.
           
No geral as pessoas levam uma vida inteira dominadas por seus complexos, gerando uma infelicidade perpétua consigo mesma e aos quais convivem. Todos os seres humanos carregam seus complexos e não há que ter vergonha em reconhecê-los, porém é necessário buscar ajuda e exercitar para que eles diminuam a influência e, no melhor dos casos, deixem definitivamente de atuar como motor principal nas decisões.

Alberto Maury
Psicólogo e Diretor do Instituto Órion